Há cada vez mais jovens a tirarem um “gap year” no meio do seu percurso académico. Trata-se, no fundo, de uma “pausa” para respirar e para decidir os próximos passos – seja para continuar o rumo escolhido, seja para fazer uma viragem e tomar novas decisões.
Este “ano sabático”, como também é conhecido, pode trazer várias vantagens, mas também algumas desvantagens – como quase tudo na vida! Mas é uma escolha que faz sentido para muitas pessoas.
Contudo, ainda há quem não saiba muito bem o que é um “gap year” e para que serve. Por isso mesmo, vamos esclarecer as principais dúvidas sobre esta temática já de seguida…
Afinal, “gap year” o que é?
O “gap year“, ou “ano sabático”, é uma pausa no percurso académico, ou profissional, de uma pessoa. É, no fundo, uma forma de cortar com a rotina, deixando as escolhas feitas em “standby” para sair da zona de conforto e enfrentar novos desafios.
Este conceito surgiu em 1980 pela “mão” do professor Cornelius H. Bull que criou os chamados “programas interinos” nos EUA. A sua preocupação era permitir aos estudantes que apostassem no seu desenvolvimento pessoal, para lá das obrigações académicas.
Entretanto, a ideia generalizou-se e saiu das fronteiras norte-americanas. Atualmente, é aplicada um pouco por todo o mundo. E até há estudos que concluíram que fazer um “gap year” tem ajudado vários estudantes a lidarem com o esgotamento nos estudos, ou mesmo na vida profissional.
Para que serve?
Este “intervalo” académico ou profissional pode ter vários fins. Por um lado, tirar um “gap year” pode abrir a porta a vivenciar novas experiências e a enfrentar desafios. Isso pode ajudar a pessoa a crescer pessoalmente e a tomar novas decisões, mais conscientes, para a sua vida.
Muitos jovens escolhem viver um ano num país estrangeiro, o que lhes permite conhecerem outras culturas e novas pessoas. É uma ótima forma de enriquecimento pessoal e cultural que desenvolve o autoconhecimento, mas também a capacidade de entender os outros e as suas diferenças.
Mas, na verdade, um “gap year” pode ser utilizado da forma que quiseres, conforme o que precises naquele dado momento. Não há uma “fórmula mágica” que defina essa “pausa”, nem o que se faz com ela.
Assim, cada pessoa deve planear o seu “gap year” em função das suas motivações, necessidades e objetivos pessoais e profissionais.
Por quanto tempo se deve fazer?
Também não há uma duração certa para um “gap year” – tudo depende, acima de tudo, das tuas possibilidades. Apesar de o conceito reportar para um ano (“year“), podem ser apenas seis meses de pausa, ou ainda menos.
O ideal é que tires o máximo partido da experiência, seja ela mais curta, ou mais longa em termos de duração.
O que fazer num “gap year“
As possibilidades são muitas! Podes viajar, conhecer outros países e outras pessoas, conhecer novas culturas, aproveitar para descansar muito, ou para estudar no estrangeiro. Mas, com o já realçámos, tudo depende da motivação que estiver por trás da ideia.
Para teres uma ideia mais clara das tuas possibilidades, deixamos-te uma lista de hipóteses com o que fazer num “gap year“…
Viajar
Há muitos jovens estudantes que recorrem a um “gap year” para conhecer outros países e outras culturas. É uma excelente forma de abrir horizontes e de ficar a conhecer outras formas de pensar e de viver.
Vivenciar este tipo de experiência pode ajudar-te a situares-te no mundo e a fazer-te perceber o que queres realmente para a tua vida.
Contudo, precisas de ter alguma capacidade financeira para o fazer, pois viajar tens os seus custos. Uma boa alternativa passa por seres nómada digital, viajando e continuando a trabalhar para ganhares o teu dinheiro.
Estudar no estrangeiro
Fazer um “gap year” para estudar no estrangeiro é outra boa ideia. Será ótimo para o teu desenvolvimento pessoal, mas também vai valorizar muito o teu currículo académico e as tuas competências profissionais.
Estudar uma Língua no país de origem é sempre uma excelente forma de valorizar a aprendizagem neste capítulo. Que tal fazer um curso de Inglês no Reino Unido? Ou um curso de Francês em França? E um curso de Mandarim na China?
Será maravilhoso poder juntar o útil ao agradável, aprendendo uma nova Língua e ficando a conhecer outra cultura.
“Gap year” em voluntariado
O voluntariado é outra excelente ideia para o que fazer num “gap year” – e o melhor é que é uma forma maravilhosa de ajudar a fazer a diferença no mundo.
É importante que escolhas algum projeto, ou área, que te interesse particularmente, para poderes dar o melhor de ti, ajudando os outros.
Trabalhar no estrangeiro
Fazer um “gap year” não significa que fiques sem fazer nada, como algumas pessoas pensam. Assim, podes aproveitar a “pausa” na tua vida rotineira para viveres uma experiência de trabalho no estrangeiro.
Isto vai valorizar muito o teu currículo, abrindo-te a porta a novas oportunidades de emprego, quando regressares à tua vida normal. Mas também será uma boa forma de aprender e de enriqueceres as tuas capacidades profissionais.
Refletir e descansar
Em alguns casos, o “gap year” pode, simplesmente, ser usado para reflexão e autodesenvolvimento. Se estiveres mesmo a precisar de descansar, nomeadamente para cuidar da tua saúde mental, procura fazer uma análise SWOT pessoal para tentares descobrir as tuas fraquezas e forças, e que oportunidades podes aproveitar para o teu futuro.
“Gap year“: vantagens e desvantagens
Fazer uma “pausa”, seja qual for a motivação por trás disso, pode trazer diversos benefícios. Será difícil apontar todas as vantagens em fazer um “gap year“, até porque cada caso é único, e cada pessoa pode chegar a conclusões distintas. Mas vamos elencar aqui algumas das coisas positivas que podem resultar desta experiência:
- Aumentar o autoconhecimento e descobrir o que se quer fazer da vida
- Ajudar ao desenvolvimento pessoal, com novos desafios e aprendizagens
- Criar memórias únicas com experiências novas e contacto com outras culturas e pessoas
- Enriquecer competências (tanto as “skills” profissionais como as “soft skills“ ou interpessoais)
- Melhorar o desempenho escolar
- Aumentar as possibilidades de encontrar um novo emprego
- Melhorar a saúde mental.
Estas são algumas das vantagens de um “gap year“, mas é impossível apontar todas. A experiência vai, certamente, incentivar a tua autonomia e a capacidade de resolveres problemas e de comunicares com os outros. Mas nada melhor do que aventurares-te para saberes!
Desvantagens do “gap year“
Como em tudo na vida, há sempre o reverso da medalha e também existem, portanto, desvantagens num “gap year“. A primeira que é bastante óbvia é um atraso nos estudos se resolveres deixar a tua formação em “standby“. Pode não ser dramático, mas deves avaliar se tens um prazo para terminar, ou se te podes dar a esse luxo em termos financeiros.
Na realidade, a questão financeira é um dos principais aspetos a considerar. Tens que fazer contas, para saberes se podes pagar o teu “gap year“. Ou são os teus pais que o vão pagar?
Estes detalhes são importantes e, por isso, não é uma decisão que se tome de ânimo leve. Deves ponderar todos os detalhes, nomeadamente como vai ser o teu regresso à vida rotineira.
Esse regresso pode ser complicado porque terás de te readaptar ao ritmo que deixaste, e às expetativas das pessoas em teu redor. Mas a experiência do “gap year” também poderá ajudar-te a decidir se, afinal, é essa a vida que queres para ti.
Concurso “Gap Year” Portugal
Há uma entidade em Portugal – a Associação Gap Year Portugal – que ajuda os jovens a concretizarem o objetivo de fazer um “gap year“. Esta associação distribui várias bolsas que são um excelente auxílio para quem quer enveredar por esta aventura.
As bolsas são destinadas a jovens de nacionalidade portuguesa entre os 18 e os 27 anos e o “gap year” deve ter uma duração de entre 6 a 10 meses.
Os jovens candidatos também precisam de já ter terminado o Ensino Secundário, ou as respetivas licenciaturas, mestrados ou doutoramentos, no ano letivo em que o concurso se realize, ou no ano anterior à data de candidatura.
As candidaturas devem ser feitas online no site da associação com a entrega do currículo e de comprovativos de nascimento e das habilitações.
Os candidatos precisam ainda de entregar um plano detalhado do “gap year“, incluindo objetivos, motivação, percursos previstos, métodos de deslocação, locais de alojamento, uma previsão de custos e eventuais acordos que tenham com instituições.
O júri avalia as candidaturas e seleciona as 10 melhores que serão, depois, sujeitas a uma entrevista, onde deverão apresentar o seu projeto. Finalmente, será escolhido o feliz vencedor!
Como planear um “gap year“
Há passos que são importantes para planear um “gap year” da melhor forma – para que a experiência seja positiva e realmente impactante para a pessoa. Assim, deixamos-te, de seguida, os passos fundamentais a tomar:
- Começa a planear cedo
- Define claramente os teus objetivos (O que procuras? O que esperas alcançar?)
- Procura o máximo de informação possível
- Seleciona até três opções para veres qual será a melhor para ti, e a mais viável
- Faz contas e define um orçamento.
Estes passos vão ajudar-te a definir um plano para que o teu “gap year” seja um sucesso. Mas, enquanto estiveres a preparar tudo, e mesmo durante esta aventura, não te esqueças de ser flexível.
As coisas podem não correr exatamente como planeaste. Mas os imprevistos fazem parte da vida e é com eles que crescemos e aprendemos a resolver problemas e a encontrar soluções.
Por isso, prepara-te para fazer ajustes ao teu plano, para que o teu “gap year” seja uma experiência inacreditável e enriquecedora.